A caminhada (Capitulo 06)

A caminhada (Capitulo 06)

Em 16/09/1957 –
Desembarquei no aeroporto de Nicósia.
Conheci o professor de inglês que veio da Escócia.
Na alfândega, eu cumpri a exigência.
E recebi a carteira temporária de permanência.
O Instituto ficava fora da cidade.
Parecia um campus de uma universidade.
Assim que chegamos fomos conhecer o dormitório.
Depois as salas de aulas e o refeitório.
Um passeio para conhecer o campo de futebol.
Quadra de tênis, basquete e vôlei.
O jardim, o bosque e as hortas para pesquisa botânicas.
Os laboratórios de pesquisas técnicas e científicas.
E assistimos à palestra sobre administração doméstica.

Uma semana antes de começarem as aulas.
Fui conhecer os 39 colegas da minha sala.
Eu era o mais novo da turma e também na idade.
No primeiro encontro tudo era novidade.
A receptividade das mulheres foi melhor
Do que dos homens, que foi um terror.
Foi com zombaria, – ” Aqui não é lugar pra menor”.
Entre os homens eu era o mais jovem.
Eu não conhecia bem a vida mundana.
Era preciso aprender também a linguagem profana.
E falar com gestos para não ser zoado.
Aprender a soltar palavrão e palavreado.
E com a galera estar enturmado.

Dia 30/09/1957 começou o ano letivo
Dezesseis disciplinas, e trinta e seis aulas eletivas.
Quatro idiomas seletivos,
O árabe ou o grego, armênio, francês e o inglês.

Foi da mademoiselle Clara primeira aula
Alta, loira, olhos verdes e o silêncio na sala.
. – Bongou mes amis, je suis Clara.
Vestido abaixo do joelho, ainda não existia minissaia.
A minha carteira ficava na frente da sua mesa.
Ansioso para ela cruzar as pernas e eu veja,
Os mistérios guardados, entre as coxas.
A vida de adolescente é dura com as rochas.

O segundo horário foi de matemática.
A pauta foi a PA progressão aritmética.
A aula era uma forma de reavaliação.
Da matéria dada no ano anterior.
Pensei que para mim iria ser pior.
O professor colocou no quadro a fórmula da PA.
E três questões para a turma copiar e resolver.
Achei tão fácil que não precisei anotar.
O professor me encarou com o um olhar,
De reprovação por eu não ter feito a prova.
Respondi que já tinha feito e tinha o resultado.
Não precisei usar lápis ou caneta.
Foi uma moleza, fiz os cálculos de cabeça.
Foi de cabeça professor, foi de cabeça.
Respostas corretas confirmou o professor.

Quando os colegas perceberam
Que eu era bom em matemática e francês,
Eu que era ignorado há mais de um mês,
Fiquei famoso de vez.
Comecei a ser agregado pelas moças danadas.
O baixinho agora estava bem na parada
Estava me dando bem também com a rapaziada

Nos domingos havia eventos culturais e de arte.
Músicas, danças, poesia e o xadrez fazia parte.
Eu o baixinho, agregado pelas moças danadas.
Havia virado um mundano, ou seja, um profano.
Sentindo-me como um sultão no seu harém.
Ser sultão quem não quer? Que assim seja, amém.
E que o reinado continue…

Até o próximo capítulo…

Por
Aslan Minas Melikian
Niterói, 17/03/2022.

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.