O Encontro

Um Encontro

Num encontro casual.
O convite de uma linda mulher, eu resolvi aceitar
Pensei, será que hoje vai chover na minha horta?
Encontre-a me esperando na porta.
Estava de lingerie transparente cor de rosa
Um rasgo na lateral mostrava a rosada coxa.
Na comissão da frente um generoso decote.
Os pomos apontando os bicos prontos para dar o bote.
A respiração e o balanço erótico.
o som rítmico da batida do coração melódico.

Ela levou a mão ao ombro e puxou a alcinha.
Deixou cair a lingerie e ficou sem a calcinha.
A parte íntima ficou coberta por uma canga.
Mostrando parte das suas belas ancas.
Uma canga de cor da pele transparente.
Tremulando como uma bandeira imponente.
Duas colunas bem torneadas.
Longas e assanhadas.
Sustentando as curvas insinuadas.
Sem pecado, sem veste, sem castidade.
A natureza pura da intimidade.
Deixou a canga cair, na penumbra da lua.
Ficou como chegou ao mundo, totalmente nua.

Expondo-se ao seu íntimo ego
Provocando-me com o seu rego,
Aos seus mistérios, o meu apego.
Os meus devaneios, eu não nego.
Lembrei-me do marido dela, o grego.
Se eu ficar vou ser pego.
Fica tranquilo – ela disse – ele está na fronteira.
Ele só volta na sexta-feira.
Eu não me mandei por pouco.
Ir embora? Como? Tá louco?

Uma mesa, um banquete.
Iguarias e croquetes
Araque, Daiquiri, Moët & Chandon e whisky.
Uma cereja e Martini
Châteauneuf du Pape e Chianti
Carpano e Cherry Brandy

Ouvindo a canção “Tin Afto” .
Na voz de Sofia Loren, quem não fica inebriado.
E degustando o Licor Strega.
Quem não se entrega.

Ela olhou e disse – vem me agarra criatura.
Aqueça-me e me tortura
Usa e abusa, e faça a sua loucura.
Desnude-me, eu lhe peço.
Virando-me ao avesso. .
Nos seus braços eu estremeço.
Devora-me e eu enlouqueço.

Os hormônios se exaltaram e falaram mais alto.
O instinto deu o primeiro salto.
O salto antropológico a executar o ato.
O ato que faz o ciclo da vida perpetuar de fato.

Por
Aslan Minas Melikian

 

Sou um poeta setentão,

Sou um poeta setentão,
(21 de março dia do poeta)

Sou septuagenário, ainda balzaquiano.
Resolvi abraçar nesta vida mais um plano.
Expressar-me como um poeta profano.
Aproveitar e viver feliz como um mundano.

Quero ter total liberdade para agir.
Mostrar e falar a verdade sem omitir.
Abrir o coração e a felicidade sentir.
Com minha amada turma, a vida, curtir.

Disseram que aos setenta virei um poeta.
Na verdade, era, mas sem a caneta.
Fã de Omar Khayam, o poeta e profeta.
Eu gosto de poesia, não sou careta.

Os poemas são os meus sentimentos.
Exaltar meus filhos, agregados e netos.
Gosto de registrar os acontecimentos.
Relembrar sempre os bons momentos.

Mando o mau humor para o raio que o parta
Junto os meus no terraço com comida farta.
Ouvindo o Pavarotti cantando LA Traviata.
E num poema viajando no infinito pela Via Láctea.

Por
Aslan Minas Melikian
21/03/2022

A Caminhada (Capítulo 07)

A Caminhada (Capítulo 07)

Como em toda sociedade há divisão.
Aqui também não havia exceção.
Uma parte ficou fiel ao Berj, o futebolista.
Outra me adotou, como enxadrista.
O Berj era um grande jogador e esportista.
Eu era um jogador de xadrez simplista.
Berj entrava no campo, o grito da torcida era de enlouquecer.
No xadrez, silêncio era total, pareciam me esquecer.

Berj era craque, era alto e cara boa pinta.
Eu era baixinho, um jogador de quinta.
Ele era admirado pelas torcedoras.
Eu queria conquistar as Isadoras.
Eu já tinha amigos e era feliz pra caramba.
Estava na paquera e me sentia um cara bamba.
Eu com Elise, a gente trocava olhares.
se encontrando no térreo, atrás dos pilares.
Às vezes nos recreios.
Outras vezes nos passeios.

As disputas preferenciais entre os grupos foram acirradas.
Entre a música popular e a clássica.
Entre as ciências humanas e as exatas.
Entre os intelectuais e os esportistas.
Entre capitalistas e comunistas.
Minha praia era música clássica e as ciências exatas.
Eu era um metido a intelectual, pobre e comuna.

Participei da manifestação,
Contra o diretor que andava com carro de última geração.
Um carro de luxo, Chevrolet Impala..
Havia gente sem um Shiling pra comprar uma bala.

Eu ajudava alguns colegas na matemática
E em francês na gramática
Era compensado com biscoitos, dropes e balas de hortelã.
Eu dividia os biscoitos com alguns colegas.
No meu aniversário me deram um aparelho de barbear Gillette
Aos 15 anos, era o meu primeiro presente.
No refeitório, no jantar cantaram o parabéns,
E a sobremesa substituindo o bolo..
Foi minha primeira festa de aniversário, e eu fiquei todo bobo.
Uma surpresa, a Elise acabou falando do nosso namoro.
No instituto o namoro era proibido.
Eu continuava um cara inibido
Para se encontrar, a gente matava aula.
Quem dava cobertura era a minha amiga Paula.
Elise vinha despejando o seu fogo
Eu ficava louco

Semana que vem tem mais……
Até lá……..

Por
Aslan Minas Melikian

A caminhada (Capitulo 06)

A caminhada (Capitulo 06)

Em 16/09/1957 –
Desembarquei no aeroporto de Nicósia.
Conheci o professor de inglês que veio da Escócia.
Na alfândega, eu cumpri a exigência.
E recebi a carteira temporária de permanência.
O Instituto ficava fora da cidade.
Parecia um campus de uma universidade.
Assim que chegamos fomos conhecer o dormitório.
Depois as salas de aulas e o refeitório.
Um passeio para conhecer o campo de futebol.
Quadra de tênis, basquete e vôlei.
O jardim, o bosque e as hortas para pesquisa botânicas.
Os laboratórios de pesquisas técnicas e científicas.
E assistimos à palestra sobre administração doméstica.

Uma semana antes de começarem as aulas.
Fui conhecer os 39 colegas da minha sala.
Eu era o mais novo da turma e também na idade.
No primeiro encontro tudo era novidade.
A receptividade das mulheres foi melhor
Do que dos homens, que foi um terror.
Foi com zombaria, – ” Aqui não é lugar pra menor”.
Entre os homens eu era o mais jovem.
Eu não conhecia bem a vida mundana.
Era preciso aprender também a linguagem profana.
E falar com gestos para não ser zoado.
Aprender a soltar palavrão e palavreado.
E com a galera estar enturmado.

Dia 30/09/1957 começou o ano letivo
Dezesseis disciplinas, e trinta e seis aulas eletivas.
Quatro idiomas seletivos,
O árabe ou o grego, armênio, francês e o inglês.

Foi da mademoiselle Clara primeira aula
Alta, loira, olhos verdes e o silêncio na sala.
. – Bongou mes amis, je suis Clara.
Vestido abaixo do joelho, ainda não existia minissaia.
A minha carteira ficava na frente da sua mesa.
Ansioso para ela cruzar as pernas e eu veja,
Os mistérios guardados, entre as coxas.
A vida de adolescente é dura com as rochas.

O segundo horário foi de matemática.
A pauta foi a PA progressão aritmética.
A aula era uma forma de reavaliação.
Da matéria dada no ano anterior.
Pensei que para mim iria ser pior.
O professor colocou no quadro a fórmula da PA.
E três questões para a turma copiar e resolver.
Achei tão fácil que não precisei anotar.
O professor me encarou com o um olhar,
De reprovação por eu não ter feito a prova.
Respondi que já tinha feito e tinha o resultado.
Não precisei usar lápis ou caneta.
Foi uma moleza, fiz os cálculos de cabeça.
Foi de cabeça professor, foi de cabeça.
Respostas corretas confirmou o professor.

Quando os colegas perceberam
Que eu era bom em matemática e francês,
Eu que era ignorado há mais de um mês,
Fiquei famoso de vez.
Comecei a ser agregado pelas moças danadas.
O baixinho agora estava bem na parada
Estava me dando bem também com a rapaziada

Nos domingos havia eventos culturais e de arte.
Músicas, danças, poesia e o xadrez fazia parte.
Eu o baixinho, agregado pelas moças danadas.
Havia virado um mundano, ou seja, um profano.
Sentindo-me como um sultão no seu harém.
Ser sultão quem não quer? Que assim seja, amém.
E que o reinado continue…

Até o próximo capítulo…

Por
Aslan Minas Melikian
Niterói, 17/03/2022.

A Caminhada (Capítulo 05)

A Caminhada (Capítulo 05)

Quer saber o que rolou naquela noite no convés?
Pena que não rolou nada, a parada sofreu um revés.
Gina teve cinetose e ficamos no papo apenas.
No dia seguinte, ela desembarcou em Atenas.

Eu desembarquei em Beirute em 03/07/1957.
Eram onze horas quando cheguei à cidade de Hammana.
Meu pai levou um susto quando me viu na porta.
Ele disse que estava aliviado com minha volta.
E muito feliz em me ver.
Ele havia se casado.
Ele queria reunir todos nós.

Mas, eu já havia decidido participar.
do concurso para ingressar
no Instituto Melkonian de Educação.
Um internato acadêmico de alto padrão.
O ano letivo começava no final do verão.
Em Nicósia, no Chipre.

Perguntei ao meu pai o que achava do Instituto.
Ele disse que me apoiava em tudo.
Foram três dias de provas escritas e orais,
nas disciplinas humanas e exatas.
Ele me acompanhou o tempo todo.
Na semana seguinte, saiu o resultado.
Fui o segundo colocado aprovado.
Eu precisava de dinheiro para a viagem.
Custava muito caro, de avião, a passagem.

Meu pai queria pegar emprestado o dinheiro.
Mas consegui uma vaga no hotel como faxineiro.
Com o salário e as gorjetas compraria a passagem.
Assim, garantiria a minha viagem.

O hotel era cinco estrelas e de ótimas qualidades.
Havia gente de várias nacionalidades.
Como eu falava vários idiomas e também o árabe,
era chamado, às vezes, para servir como intérprete.

No terceiro dia de trabalho, Magda me chamou.
Preciso de você, estou sozinha e o Sheik viajou.
Magda era uma das mulheres do Sheik Omar.
Entrei na sua suíte presidencial, Magda estava no bar.
Uma taça de champanhe e degustando frutas do mar.
Fica tranquilo, o Sheik está no iate em alto mar.
Deixou a taça na mesa e deixou cair a sua veste e tudo.
Eu nunca tinha visto um corpo totalmente nudo.
Eu apavorado, fiquei mudo.

Duas romãs rosados no peito,
saltitando com as batidas de coração, num ritmo perfeito.
Duas colunas rosadas sustentando as belas ancas.
No balanço do andar poético, quebrando as bancas.
O sangue subiu e ficaram agitados os hormônios.
Se fosse ao convento, seria coisas dos demônios.

Olhou nos meus olhos e disse,
Venha me agarra, criatura.
Aqueça-me e me tortura.
Usa e abusa, e faça a sua loucura.
Desnuda-me, eu lhe peço,
Me virando ao avesso.
Nos seus braços eu estremeço.
Devora-me e eu enlouqueço.

Eu fiquei mudo.
Era muita areia para o meu caminhão.
Eu tinha 14 anos e estava envergonhado.
Sentia-me acuado ao ser assediado.

Imaginaram se alguém vê a cena toda?
Ou de repente o Sheik aparece e me poda,
Mas eu, na certeza, não queria perder essa ……

Na próxima semana, vou estar na ilha do Chipre,
onde nasceu das espumas das ondas do mar a Afrodite.
A deusa do amor, da beleza e da fertilidade.
Até lá……

Por
Aslan Minas Melikian
Niterói, 12/03/2022

A caminhada (Capítulo 04)

A caminhada (Capítulo 04)

Em 28/06/1957
Depois de três anos no convento.
Havia chegado o momento.
De pedir o meu afastamento.
Não tinha vocação, foi o meu argumento.

Eu já tinha decidido de participar
De concurso para ingressar.
No Instituto Melkonian de Educação.
Um internato académico de alto padrão.
Em Nicósia, no Chipre, que era ainda colônia britânica.

O abade padre Manuel, atendeu o meu pedido.
Compreendeu e eu fiquei agradecido.
Como não podia deixar de demonstrar.
A minha gratidão à congregação Mekhitarista.
Que me abrigou por três anos como seminarista
Arcou com todas as despesas necessárias.
Proporcionando um uma ampla cultura geral

No dia seguinte, bem cedo.
Embarquei sozinho no navio, sem medo.
Aos 14 anos, ao meio dia já estava a bordo.
Quando o navio deixou ao meio dia o porto.
Com destino a Beirute com escala em Atenas.
O navio estava cheio de turistas, gregos e helenas.
Eu fiquei vislumbrado com tanta beleza.
Eu era um peixe fora d’água com certeza.
Eu estava em outro mundo e não havia silêncio.
Aqui a beleza falava mais alto.
As mulheres desfilando com elegância de salto alto.
Na piscina esbanjando, o decote farto.
Ao andar o balanço rítmico
Das ancas num apelo erótico

Eu nunca tinha visto mulheres tão belas.
Nunca tinha sido assediado pelas helenas.
Estava num mundo mais amigo, mais camarada.
A certeza que era correta a decisão tomada.

Eram 15 para meia noite quando fui até o convés.
Ela parou ao meu lado, e encostou-se a mim.
Era bonita, parecia ter mais de trinta anos.
E me perguntou em italiano.
. – Vedo che sei solo, lo sono anch’io.
. – (Vejo que está só, eu também estou)
. – Sì, sono solo.
, – (Sim, estou só)
. – Mi chiamo Gina. Vuoi essere mio amico?
. – (Meu nome é Gina, quer ser meu amigo?)
Depois de anos sem falar com uma mulher, desde então, essa foi à primeira vez.
. – Si sarà un piacere essere tuo amico,
. – (Sim, será um prazer ser o seu amigo)

Eu não sabia lidar com isso.
Estava tímido, intimidado e até mesmo intimado.
Não podia deixar de aceitar o apelo, eu teso.
O instinto humano tem o seu peso.
Eu era apenas um garoto de 14 anos adolescente.
Nesta idade, o despertar que o homem sente.
Ficamos conversando até às duas da manhã no convés.
Logo a lua se escondeu atrás das nuvens de vez.
Passaram uns segundos e ela apareceu na penumbra quase sem veste.
Nesta hora um homem não sabe dizer o que sente.
Em ritmo sensual, ela se insinuava na minha frente.
Ao som de uma melodia romântica e quente.
As batidas do coração tentavam empurrar os seus pomos fora do decote.
O balanço das ancas declamando a poesia.
Ignorar uma musa divina como essa, é heresia.
O seu corpo é a taça.
Seus lábios, a cachaça.
Eu ébrio a caminho do pecado.
Eu me sinto lesado
Será que era a hora do meu batizado?
A inicialização, ou eu estou embriagado?

Estão curiosos?
Ou ansiosos?
Logo, logo, eu contarei..,
Até……

Por
Aslan Minas Melikian.
05/03/2022.

 

A Caminhada (Capítulo 03)

A Caminhada (Capítulo 03)

Eu cheguei ao mosteiro à Isola de San Lazzaro.
No fim de setembro de 1955.
Como seminarista da Congregação Mekhitarista
Quando era ainda, o principal mosteiro Mekhitarista
Onde o Lorde George Byron, o poeta inglês.
Morou e estudou armênio de 1816 a 1823.

Hoje a principal abadia fica em Viena.
Na ilha vivem hoje, apenas 17 seminaristas
Administrando a ilha, que hoje é um ponto turístico..
O mosteiro com o seu museu e a biblioteca.
Um acervo muito grande de obras de arte.
Tem até uma múmia egípcia.
Recebe mais 40.000 turistas por ano.

Ao chegar a minha nova morada.
Ao mosteiro na Isola di San Lazzaro.
Percebi que, aqui, não teria uma Margot….
A abadia só tinha homens.

Aqui, o silêncio falava mais alto.
Era o caminho para o celibato.
Fora da sala de aula só se falava do sacro.
A educação era de excelência.
Mas faltava o primordial.
Não se via um olhar cativante.
Não se via um sorriso atraente.
Não havia uma música dançante.
Não ouvia uma piada para dar risada.
Não havia espaço para ter uma namorada.

Qualquer assunto fora do contexto era evitado.
O dia começava assistindo a missa e rezando.
E a tarde, era a vez de rezar o rosário.
Ficar ajoelhado, para mim era um calvário.
Sempre o mesmo cenário.
No mesmo horário.
A mesma oração.
A repetição
Sem uma explicação.
A confissão.
A confissão dos pecados.
Que pecados?
Dos pensamentos inconfessáveis?
De polucão noturna?
O silêncio fala mais alto.
Sonhar debaixo do manto.
Além de pensar no ato
É consumado é um fato.
Não tinha como não pecar.
E o despertar sexual.
Só se for pecado na imaginação virtual.

O mundo fora do mosteiro.
Era só na quarta-feira à tarde.
Íamos de barco até a ilha do Lido.
Uma caminhada à beira mar.
Ou numa praça ou num jardim.
Às vezes na praia,
Desfile de mulheres lindas de biquíni, sem fim
O colírio pros os olhos
Corpos em forma de violão
O sensual e o sexual
As partes íntimas quase expostas e o sorriso exponencial
Passeando na frente da gente rebolando
Olhando pelo cantos dos olhos provocando
A gente com cara de pateta babando
É a natureza, provocando sonhos e desejos.
O despertar dos hormônios à flor da pele.
E nesta hora, o sangue sobe e provoca o desejo,
O desejo de conexão carnal.
O desejo de se complementar no sexo
Duas almas num corpo só
A eternidade, a perpetuação.

Aos 14 anos, me sentia enclausurado.
Na verdade, eu estava sendo anulado.
Num mundo sem sexo
Num mundo sem nexo.
Num mundo perplexo
Num mundo sem côncavo e convexo
Aí veio o reflexo
De querer me libertar,
queria criar asas para voar.
Precisava de uma mudança radical.
Numa manhã de junho de 1957
Olhei para a capa do meu caderno.
Lá estava o postal mais lindo que eu havia visto.
O desejo de ver aquele postal, ao vivo inteiro.
Aí pensei, em abandonar o mosteiro
Eu tinha tudo de graça
Mas a vida no mosteiro não tinha nenhuma graça..

Queria ser um mundano.
Aí, resolvi ..,……
Eu volto para contar, já já.
Até..,…..

Por
Aslan Minas Melikian
Niteroi, 03/03/2022

A Caminhada (Capítulo 02)

 

A Caminhada (Capítulo 02)

A Margot foi à pessoa, que me acolheu,
Após me despedir do meu pai, no portão.
Ela se aproximou e segurou a minha mão
Enquanto, meu pai, com um triste olhar.
Os passos lentos, o vi se afastar,
Dobrar a esquina no fim da rua e sumir da minha vista.
Eu ainda tinha esperança de ele voltar.
E pra nossa casa de volta me levar.

A Margot continuava segurando a minha mão,
Perguntou se eu sabia jogar gamão.
Aí, começava uma bonita relação.
Por que não dizer uma adoção.
Margot tinha idade de ser minha avó.
Eu era o aprendiz, ela era a mestra.
Uma mulher de muita sabedoria.
Ensinou-me a ser autônomo e eficiente.
Como me comportar,
De uma casa saber como cuidar.
Arrumar a cama, varrer e lavar a louça.
Eu, em compensação, tinha de graça.
Casa, comida e aprendizado escolar.
De ampliar meus conhecimentos e decolar.

Passados nove meses, julho de 1955.
Veio a minha transferência para o mosteiro em Veneza.
No porto de Beirute, eu me despedi,
Do meu pai e da dona Margot,
Eu a bordo do navio rumo à Itália
Como seminarista.
Ao mosteiro Mekhitarista.
Na ilha de San Lazzaro em Veneza.

E como era época de férias.
Fui levado à fazenda da congregação.
Passar a temporada na fazenda.
Na comarca de San Zenone, no pé do Alpes.
Uma fazenda enorme,
Duas colinas de vinhedos.
Um campo de golfe e até um bosque.

No fim de verão voltamos a Veneza.
Ao mosteiro na ilha de San Lazzaro.
Da Congregação Mekhitarista.
Percebi que, aqui, não teria uma Margot….
Aqui, o silêncio fala mais alto…

Semana que vem tem mais,
Até lá……

Por
Aslan Minas Melikian

A Caminhada (Capítulo 01)

A Caminhada (Capítulo 01)

Acompanhar minha mãe ao hospital.
Para mais uma sessão de radioterapia.
Havia virado uma rotina.
Durante o tratamento eu ficava na cantina.
Eu aos 10 anos apenas.
Minha Irmã com 8 primaveras.
Assumimos o cuidado da casa.
Ela na cozinha eu na limpeza.
Eu cuidava do meu irmão caçula,
Ela do outro menor
A vida às vezes apronta,
Com coisas que você não conta.
Tínhamos a esperança,
Orávamos para que um milagre aconteça.

Um dia, meu pai voltou muito triste do hospital.
Estava com lágrimas nos olhos, estava mal.
Não precisou dizer nada.
Foi em 1954, dia 29 de agosto.
Aconteceu já era esperado desgosto
Minha mãe partiu para outra dimensão.
Minha família ficou na dispersão
Minha irmã foi morar com minha tia
Na cidade de Antíoquia
Meus irmãos menores num orfanato
Eu com 11 anos fomos parar num internato
Como seminarista de uma congregação.
Longe da família, senti uma imensa solidão.

Margot era a governanta do internato.
Com um gesto maternal e carinhoso trato.
Fez-me sentir tranquilo na nova casa.
Aos 11 anos, queria voar, precisava de asas.
Aí, que começa a minha caminhada.
Rumo ao conhecer a minha morada.
Margot foi a …,..

Por
Aslan Minas Melikian
Niterói, 20/02/2022.

Minha Irmã, a Poesia Genuína

Minha Irmã, a Poesia Genuína.
(Uma Poesia Septuagenária)

Minha irmã, você é a pura poesia,
Negar isso seria uma heresia.
Você é o presente que recebi dos meus pais.
Já nasceu linda, inteligente e atrevida demais.

Infelizmente, em 1954 houve um revés nas nossas vidas.
Órfãos de mãe, éramos crianças e pré-adolescentes.
Fomos morar em países diferentes..
Nossos pequenos irmãos foram parar no orfanato.
Foi muito triste aceitar o fato.
Você foi morar em Antíoquia.
Na casa da nossa tia.
Eu fui parar em Veneza numa abadia.

Em 1960 nós nos reencontramos.
E de novo nós nos separamos.
Você casou e voltou para Antióquia.
Eu vim pro Brasil, aqui fixei minha moradia.

Ficamos muito tempo sem se ver e sem se falar.
As missivas eram o meio da gente se comunicar.

Ainda jovem, aos 42 anos, você ficou viúva.
Você foi uma mulher forte e não fugiu da luta.
Sozinha criou quatro filhas sem pedir ajuda.

Continua uma mulher de coragem e linda.
Inteligente, persistente e atrevida.
Uma mulher sábia e sagaz, disso ninguém duvida.

Somos duas pessoas septuagenárias.
Duas almas genuinamente visionárias.

Agora, graças à tecnologia.
Podemos se ver e conversar todo dia,
Estamos fisicamente muito distantes.
Pelos celulares a gente se conecta em instantes.
É o milagre de se ver e conversar é real.
A vontade de ficar toda vida nessa realidade virtual.
Minha Irmã, a sua presença na tela, me acalma.
Você é a poesia que está na minha alma.

Por
Aslan Minas Melikian
Niterói, 06/02/2022